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Bruna Allemann
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Jornalista especializada em economia e finanças, Bruna Allemann descomplica o mercado financeiro e orienta sobre as melhores práticas de economia pessoal, investimentos e planejamento financeiro.

Por que o Banco Central manteve a Selic e quando o corte de juros pode começar a valer

Primeiro, o tema é a taxa de juros. A Selic é o principal instrumento usado para manter a inflação sob controle. O objetivo é que os preços não aumentem de forma contínua no bolso do consumidor. Quando as pessoas têm mais dinheiro disponível e demandam mais produtos e serviços, os preços sobem. Uma Selic alta reduz a quantidade de dinheiro circulando e desestimula compras, diminuindo a pressão sobre os preços.

O IPCA de outubro, usado como uma prévia da inflação, veio abaixo das expectativas. Esse dado antecedeu a decisão anunciada ontem. Mesmo assim, o IPCA tem mostrado aceleração lenta ao longo do tempo e segue pressionado. Por isso a decisão foi de manter a taxa de juros. O cenário ainda não mostra controle suficiente sobre a inflação. Se os juros começassem a ser cortados nesse momento, o consumo subiria, o impulso sobre os preços voltaria a crescer e a inflação não cederia o necessário.

A meta de inflação é de 3%. Hoje o indicador acumula alta de 5,17%. A distância entre resultado e meta ainda é ampla. O Banco Central, nesse contexto, precisa agir com menos impulso e mais análise numérica. A instituição observa os dados e não toma decisão a partir de um único mês. Um dado mensal abaixo do esperado não indica que a política monetária já entregou o resultado estrutural necessário. Se o corte acontece antes do tempo adequado, não há controle de preços. Assim, a avaliação é feita de forma contínua e técnica.

A diferença entre o indicador oficial e o bolso do consumidor aparece nas compras cotidianas. Há produtos e serviços que subiram mais de 5%. Em alguns itens, o aumento passou de 40%. E o IPCA é uma média de diversos componentes. O juro real sentido no dia a dia não é o IPCA. O juro real é o efeito sentido no salário, no poder de compra e dentro da casa de cada consumidor.

A discussão também inclui a pergunta sobre quando a Selic pode começar a cair. A estimativa apresentada é de que isso só deve ocorrer a partir de março do ano que vem. Seriam necessários pelo menos dois ou três meses com inflação caindo, mesmo que ainda distante da meta. A expectativa é que o movimento de corte não seja abrupto. Da mesma forma que o aumento foi feito de forma gradual, com ajustes de 0,50 ponto percentual ou de 0,25 ponto percentual, a redução tende a seguir a mesma lógica. O juro mais baixo pode demorar aproximadamente três anos para se consolidar.