O Museu da Língua Portuguesa, na Estação da Luz, inaugura na próxima sexta-feira (15/11) a exposição “FUNK: Um grito de ousadia e liberdade”, que convida o público a refletir sobre o papel do funk nos repertórios linguísticos, artísticos e afetivos do país.
Com 473 obras, entre pinturas, fotografias, vídeos e registros audiovisuais, a mostra aborda o gênero musical como fenômeno cultural e social que transformou a linguagem, o corpo e a arte no Brasil contemporâneo.
Do Rio de Janeiro às quebradas paulistas
A exposição foi concebida originalmente pelo Museu de Arte do Rio (MAR), onde permaneceu um ano e meio em cartaz, conquistando sucesso de público e crítica. Agora, chega a São Paulo com uma nova camada: o funk paulista, com acervos e obras que destacam a força criativa das periferias da capital.
A curadoria é assinada por Taísa Machado, Dom Filó, Amanda Bonan, Marcelo Campos e Renata Prado, e propõe uma leitura do funk para além da sua sonoridade, destacando suas raízes urbanas e periféricas, sua dimensão coreográfica, e seus desdobramentos estéticos, políticos e econômicos.
O percurso expositivo acompanha a trajetória do gênero desde sua influência da música negra estadunidense, passando pela consolidação nos bailes black cariocas, até o seu enraizamento em São Paulo, onde o estilo assumiu feições locais e novas narrativas linguísticas.
A gênese do funk em imagens e performances
Entre os destaques, estão as telas produzidas especialmente para a mostra por artistas contemporâneos que reinterpretam o lendário show de James Brown, o “Rei do Soul”, no Baile Chic Show, realizado no antigo Ginásio do Palmeiras em novembro de 1978. O evento reuniu 22 mil pessoas e é considerado um marco na história dos bailes que deram origem ao funk no Brasil.
Fotografias raras e registros históricos de Jair Rodrigues com Os Originais do Samba, Nelson Triunfo, Gerson King Combo e Lady Zu integram o acervo, representando as influências e os pilares dessa trajetória musical.
Funk paulista ganha protagonismo
A versão paulista da exposição apresenta conteúdos exclusivos sobre o movimento local, com destaque para o acervo da FUNK TV, produtora do bairro da Cidade Tiradentes, considerada berço do gênero na capital. Esse material poderá ser visto em um grande telão na entrada da sala expositiva, criando uma imersão no universo dos artistas, MCs e dançarinos que moldaram o som das periferias paulistas.
Obras de nomes como Panmela Castro, Rafa Bqueer, Marcela Cantuária, Maxwell Alexandre, Rafa Black, Brenda Nicole, Tiago Furtado e Markus CZA completam o circuito, reforçando o diálogo entre o funk e a produção artística contemporânea.
Arte, linguagem e resistência
Mais do que um gênero musical, o funk é tratado na exposição como expressão de liberdade, identidade e pertencimento. O projeto mostra como o ritmo influenciou o vocabulário das ruas, a moda e o imaginário popular, transformando-se em uma das manifestações culturais mais potentes do país.
