Parlamentares democratas do Comitê de Supervisão e Reforma Governamental dos Estados Unidos revelaram nesta quarta (12/11) novas mensagens que sugerem que Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, “sabia” sobre a conduta, o estilo de vida e as atividades criminais do financista Jeffrey Epstein, notório por ter gerenciado uma das maiores redes de abuso, tráfico e exploração sexual de mulheres e meninas antes de morrer na prisão em 2019.
Em um dos memorandos, Epstein teria dito a Ghislaine Maxwell, sua principal colaboradora no crime, que era “óbvio que [Trump] sabia das meninas” que a dupla traficava para seus clientes. Além disso, o financista disse que Trump chegou a “passar horas” em sua casa com uma das vítimas de sua rede.
Leia Mais: Petro suspende compartilhamento de inteligência entre Colômbia e EUA
Em um email, datado da época em que Trump começava a figurar no âmbito político e fazer campanhas, o bilionário se pergunta sobre como lidar com perguntas da imprensa sobre a amizade dos dois.
O democrata Robert Garcia (Califórnia), membro do comitê, afirmou que “quanto mais Donald Trump tenta esconder os arquivos Epstein, mais nós descobrimos”.
“Quanto mais Donald Trump tenta esconder os arquivos Epstein, mais nós descobrimos. Os últimos emails e correspondências levantam dúvidas graves sobre o que mais a Casa Branca está escondendo, bem como a natureza da relação entre Epstein e o presidente”, disse Garcia em depoimento.
Os arquivos Epstein e por que eles importam tanto para a política estadunidense
Um dos principais pontos de pressão em governos nos EUA – tanto para democratas quanto para republicanos – nos últimos anos tem sido justamente a divulgação dos chamados “Epstein files” (do inglês, “arquivos de Epstein”); a rede de clientes e associados do financista era vasta e continha nomes famosos de todos os círculos, sejam eles políticos, artistas, empresários ou até mesmo cientistas e atletas.
Cidadãos estadunidenses pedem há anos que sejam liberados os documentos que provem quem são as pessoas que participaram ou se beneficiaram de alguma forma da rede de Epstein, especialmente por existirem fortes indícios de que políticos atualmente em atividade estejam na lista.
Os governos Trump (no primeiro mandato) e Biden, porém, não revelaram a totalidade dos segredos do magnata e de sua rede de exploração. Muitos acreditam que há uma “blindagem” por parte da classe política – democrata e republicana -, que teme um colapso no sistema político e na ordem social como consequência da exposição destes nomes.
A campanha de Donald Trump para o segundo e atual mandato chegou a prometer que iria, finalmente, “romper o selo” dos arquivos Epstein e divulgar todas as informações para o público. Com Trump no poder, porém, isto não aconteceu; Elon Musk, aliado do presidente, chegou a afirmar durante um período de tensão com Trump que ele não divulgou os arquivos Epstein porque “está presente neles”.
Por anos, Trump fomentou teorias conspiratórias de que os arquivos Epstein eram escondidos especificamente pelo Partido Democrata, e usou destas teorias para ganhar apoio nas eleições. Agora, porém, o presidente passa a relativizar o caso e criticar quem “ainda se importa com isso”.
Apesar de ter sido avisado pelo seu próprio Departamento de Justiça, em maio deste ano, que seu nome aparecia nos arquivos de Epstein, Trump nega qualquer envolvimento com a rede do magnata, e também afirma que não sabia sobre as atividades criminais dele. O presidente já chegou a descrevê-lo como um de seus grandes amigos, mas também afirmou mais recentemente que os dois haviam cortado relações.
Em 2019, Jeffrey Epstein, preso e aguardando julgamento por seus crimes, tirou a própria vida em sua cela.
