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COP30: qual é o papel dos países em desenvolvimento na luta contra as mudanças climáticas?

Três décadas após a Rio-92, nações emergentes ainda buscam crescer economicamente sem depender de combustíveis fósseis e cobram financiamento dos países ricos

Por Maria Fernanda Viana

A histórica Rio-92 reuniu mais de 170 líderes de países na capital fluminense para discutir maneiras de impedir as mudanças climáticas. Na época, foi acordado que as Conferências das Partes (COPs) aconteceriam anualmente, com a missão de reunir delegações para negociar metas, acordos e decisões sobre o assunto. Mais de 30 anos depois, a COP30 acontece no Brasil, que sedia o evento pela primeira vez. 

Décadas depois, algumas coisas permanecem as mesmas. Os países em desenvolvimento disputam espaço na economia global ao mesmo tempo que precisam se adequar ao Acordo de Paris. Essas nações, que historicamente representam uma pequena parcela das emissões, são as que mais sofrem com impactos como secas, enchentes e perda de biodiversidade

Em 2009, Copenhague, capital da Dinamarca, sediou a 15ª edição da COP. Na ocasião, foi acordado que os países desenvolvidos destinariam, anualmente, US$ 100 bilhões para apoiar ações climáticas no hemisfério Sul. Porém, esse valor nunca foi integralmente entregue. 

Os países em desenvolvimento alegam que é impossível abandonar os combustíveis fósseis sem financiamento adequado das nações ricas. Em contrapartida, essas nações desenvolvidas defendem metas mais ambiciosas para zerar as emissões.

Mesmo nessas circunstâncias, os países emergentes estão se tornando cada vez mais presentes na luta contra a crise climática, deixando de apenas reagir aos efeitos do aquecimento global para agir de forma mais propositiva.

Presidente da COP30 André Corrêa do Lago, em entrevista ao O Liberal destacou os avanços dos países em desenvolvimento no processo de transição energética e sustentabilidade. 

“Não há uma uniformidade no desenvolvimento, mas isso não significa ausência de progresso, pelo contrário, há realizações incríveis acontecendo, mesmo com os desafios ainda presentes”, disse.

Ele citou o Brasil, afirmando que, mesmo enfrentando altos níveis de pobreza, o país abriga o centro mais avançado do mundo em desenvolvimento de agricultura tropical. Uma realidade convive com a outra.

Para ele, o avanço dos países em desenvolvimento no combate à crise climática não precisa acontecer de maneira uniforme e linear. Como exemplo, o presidente da COP30 citou a Islândia, que hoje é quase totalmente dependente de fontes de energia renovável.

“Podemos avançar setor por setor. Esse é um exercício importante para o mundo entender como alguns países, talvez inesperadamente, alcançaram resultados impressionantes em tão pouco tempo. Há muitas notícias boas vindas de países em desenvolvimento. Elas surgem de diferentes formas e pontos, e esse é um momento crucial para o mundo reconhecer que essas nações estão fazendo muito e poderiam fazer ainda mais com o apoio adequado”, finalizou.

O que os países em desenvolvimento exigem nas negociações?

Na COP28, realizada em Dubai, o Fundo de Perdas e Danos tem o objetivo de reduzir os impactos da crise climática nos países em desenvolvimento. O fundo mobilizou cerca US$  420 milhões doados por países desenvolvidos, como Japão, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido e Alemanha. 

O montante está sob a gestão do Banco Mundial, sendo administrado por 26 membros, dos quais 12 são países desenvolvidos e 14 de nações emergentes.

Ao UOL, Ana Toni, diretora executiva da COP30, anunciou o início da operação do mecanismo. “O grande desafio do Fundo de Perdas e Danos era sair do papel. Agora ele começa a operar, financiando projetos que chegam na ponta. Esse é um passo essencial para transformar compromissos em resultados concretos.”

Além disso, uma das pautas centrais das COP30 é a transição justa parte da ideia de que uma economia de baixo carbono precisa existir sem ser socialmente injusta. O termo foi incorporado ao Acordo de Paris e busca assegurar que as nações em desenvolvimento — as mais impactadas pelas consequências da crise climática — tenham apoio no processo de transição energética.

Os países emergentes enfrentam o desafio de reduzir as emissões enquanto lidam com a dependência de setores intensivos em carbono, como indústria pesada e geração de energia a partir de combustíveis fósseis.

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