A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) anunciou nesta semana que a região das Américas – isto é, o território correspondente à América do Sul, Norte, Central, e o Caribe – perdeu o status de área livre de transmissão endêmica do sarampo. O anúncio veio após o registro de que o vírus circulou por 12 meses consecutivos no Canadá, mas outros países dos três continentes também registraram surtos em 2025.
A cobertura média da segunda dose da vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) nas Américas, conforme a OPAS, foi de 79% em 2024; figura muito inferior ao que se recomenda para impedir surtos (95%).
O Brasil chegou a registrar 34 casos confirmados da doença até setembro, com o estado do Tocantins registrando a maioria deles. Isabella Ballalai, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), afirmou que a notícia representa “um grande retrocesso para as Américas e um alerta para o Brasil”.
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O Ministério da Saúde mostra que o Brasil ainda mantém a certificação de eliminação da doença, reobtida em 2024, mas reforça a necessidade da vacinação contra a doença para evitar um aumento no número de casos neste ano; especialmente com o ressurgimento, desde a pandemia da COVID-19, do sentimento antivacina e da resultante queda na adesão vacinal.
“Casos esporádicos como esses não significam retorno da transmissão endêmica, mas indicam que o vírus ainda encontra brechas entre os não vacinados”, informa a pasta.
O sarampo é uma das infecções mais contagiosas que se tem notícia, pois é transmissível por via respiratória e é capaz de ficar suspenso no ar por até duas horas. Renato Kfouri, vice-presidente da SBIm e presidente da Câmara Técnica de Eliminação do Sarampo do Ministério da Saúde, explica que o vírus do sarampo “não poupa suscetíveis”, e que “se dez pessoas entram em contato com alguém infectado e não estão vacinadas, nove vão se contaminar”.
Mas não é esse o único grande perigo do sarampo: Kfouri também informa que, mesmo curada, a pessoa infectada pode ficar com o organismo mais vulnerável a outras infecções por conta de um efeito imunológico do vírus.
