A crise política em Madagascar se agravou neste domingo (12) quando militares dissidentes tomaram o comando das Forças Armadas e desafiaram abertamente o presidente Andry Rajoelina. O grupo afirma agir “em nome do povo” e diz que o governo perdeu a legitimidade para governar.
Os rebeldes nomearam o general Demosthène Pikulas como novo chefe militar e colocaram a unidade de elite CAPSAT sob seu comando direto. Eles receberam apoio de manifestações lideradas pela geração Z, que tomaram as ruas da capital Antananarivo exigindo a renúncia de Rajoelina e o fim dos cortes de água e energia.
O presidente reagiu. Ele declarou que enfrenta uma tentativa de golpe de Estado e afirmou manter o controle do país. Entretanto, não revelou onde está nem apresentou um plano para conter a rebelião. Em pronunciamento, pediu calma e diálogo, mas o clima segue tenso nas ruas.
Enquanto isso, as forças leais ao governo e os militares dissidentes se enfrentam em pontos isolados da capital. O primeiro-ministro militar, Ruphin Fortunat Zafisambo, criticou o uso excessivo da força contra os manifestantes, porém condicionou qualquer negociação ao respeito à ordem constitucional.
A crise já afeta o cenário internacional. A Air France suspendeu seus voos entre Paris e Antananarivo, citando preocupações com a segurança. Além disso, a União Africana e outras entidades internacionais pediram moderação e alertaram para o risco de colapso institucional.
Ninguém sabe ao certo qual grupo controla as principais bases do Exército. Entretanto, o impasse marca o momento mais delicado do governo Rajoelina desde sua reeleição em 2023 e coloca Madagascar à beira de um novo ciclo de instabilidade.