Na terça-feira (14 de outubro de 2025), 0 Departamento de Estado dos EUA informou que revogou os vistos de seis estrangeiros — da Argentina, África do Sul, México, Brasil, Alemanha e Paraguai — por postagens nas redes sociais que ironizaram ou celebraram o assassinato do ativista conservador Charlie Kirk, morto em setembro.
nas contas oficiais do órgão.
A justificativa apresentada pelo governo estadunidense é “não tolerar estrangeiros que celebrem a morte de americanos”. A medida provoca debates acalorados sobre liberdade de expressão, diplomacia e controle digital.
Na postagem oficial, o órgão escreveu:
“Os Estados Unidos não têm obrigação de hospedar estrangeiros que desejam a morte de americanos.”
“O Departamento de Estado continua a identificar portadores de visto que celebraram o hediondo assassinato de Charlie Kirk.”
As seis nacionalidades citadas foram: Argentina, Brasil, Alemanha, México, Paraguai e África do Sul.
Brasileiro citado: o que disseram
Embora os nomes dos revogados não tenham sido revelados, o governo incluiu um exemplo de mensagem atribuída a um cidadão brasileiro. A publicação insinuava que Kirk foi a razão de um “comício nazista” homenageado por apoiadores e afirmava que ele “morreu tarde demais”. Após citar essa frase, o órgão finalizou: “Visto revogado”.
No entanto, autoridades não divulgaram qualquer dado identificador — nem nome, tipo de visto ou local de residência — do suposto autor.
De forma simbólica, essa inclusão por nacionalidade reforça a mensagem de que o governo pretende agir de modo amplo contra discursos considerados ofensivos nas redes sociais.
O contexto da morte de Charlie Kirk
Charlie Kirk, fundador do movimento conservador Turning Point USA, foi assassinado em 10 de setembro de 2025, em um debate universitário no estado de Utah.
Após o ocorrido, o governo Trump anunciou que concederia postumamente a Medalha Presidencial da Liberdade a Kirk — a mais alta condecoração civil dos EUA. O anúncio de revogação de vistos coincidiu com essa homenagem simbólica, amplificando o discurso oficial de que seu legado não pode ser ridicularizado.
O momento escolhido reforça que a medida faz parte de uma estratégia política que associa controle de discurso, imagem pública e poder simbólico.
Reações de entidades de direitos civis e especialistas
A revogação suscitou críticas imediatas de grupos de defesa da liberdade de expressão. Eles alertam que a medida pode ultrapassar os limites constitucionais ao penalizar não cidadãos por suas opiniões políticas online.
Organizações como o Consular Accountability Project já se ofereceram para dar suporte jurídico gratuito aos atingidos.
Juristas salientam que, embora estrangeiros não gozarem da amplitude de direitos dos cidadãos americanos, há precedentes legais que garantem alguma proteção de expressão para residentes e portadores de visto em solo estadunidense. A disputa legal pode se estender para tribunais federais.
A diplomacia e o Itamaraty ainda não se manifestaram oficialmente até a publicação desta matéria. A Gazeta do Povo já informou que requisitou esclarecimentos ao Departamento de Estado sobre a identidade do brasileiro citado, mas não obteve resposta.
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Implicações para vistos, redes sociais e controle migratório
Intensificação da triagem nas redes sociais
Sob o governo Trump, a política migratória já vinha adotando medidas de controle e vetos mais rigorosos. A verificação de conteúdos em redes sociais tornou-se parte do processo de avaliação de vistos, inclusive para estudantes internacionais.
Agora, com a revogação de vistos por postagens antigas, a mensagem clara é que conteúdos considerados ofensivos, mesmo que publicados por usuários no exterior, podem ter consequências diretas na entrada ou permanência nos EUA.
Efeitos diplomáticos e tensões internacionais
A medida insere nova tensão nas relações exteriores, sobretudo entre os EUA e os países citados — especialmente o Brasil. Embora ainda incipiente, esse tipo de ato pode provocar reações diplomáticas, consultas formais e demandas por explicações.
Em 2025, já há outras tensões entre Brasil e EUA ligadas a tarifas comerciais e sanções políticas. Esse episódio pode se inserir num contexto mais amplo de retaliação e revisitação da “reciprocidade” diplomática.
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O que ainda falta saber
Repercussão política internacional: se emergirá uma demanda diplomática formal entre Brasil e EUA ou mesmo questionamentos em fóruns multilaterais.
Identificação e status dos vistos cancelados: nenhum nome foi revelado até o momento.
Critérios exatos de julgamento: não está claro como o governo define “celebração da morte” nem qual padrão de moderação foi aplicado.
Caminho legal dos atingidos: será determinante ver como os tribunais americanos recebem recursos com base em liberdade de expressão.