O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, foi à Casa Branca nesta sexta-feira (17) com um objetivo claro: conseguir armas e apoio militar para continuar resistindo à invasão russa. Mas, no Salão Oval, encontrou um Donald Trump focado em negociar a paz, não em ampliar o arsenal de Kiev.
Trump, que não descartou enviar mísseis Tomahawk de longo alcance, deu sinais de que prefere se concentrar em um possível acordo com Vladimir Putin, com quem deve se reunir nas próximas semanas, na Hungria.
Após mais de duas horas de conversa com Zelenskiy, o presidente norte-americano publicou nas redes sociais um apelo direto:
“Parem com a matança e façam um ACORDO! Ambos deveriam reivindicar vitória e deixar que a história decida.”
O tom conciliatório surpreendeu aliados europeus e aumentou a tensão em Kiev, que teme um acordo que favoreça Moscou.
Conversas tensas e promessas incertas
Durante o encontro com Trump, Zelenskiy destacou a urgência de reforços militares.
“Temos milhares de drones prontos, mas precisamos de mísseis Tomahawk. Não temos Tomahawks, por isso precisamos deles”, disse o ucraniano.
Trump respondeu de forma fria:
“Preferimos muito mais que eles não precisem de Tomahawks. Nós também queremos Tomahawks — para proteger nosso país.”
Após o encontro, Zelenskiy classificou a reunião como “produtiva”, mas admitiu estar “realista” quanto à dificuldade de conseguir os mísseis. Ele afirmou ter conversado com líderes europeus e disse esperar que Trump use sua influência para “pressionar Putin a parar esta guerra”.
Trump entre Putin e Kiev
A reunião aconteceu um dia depois de uma ligação entre Trump e Putin, na qual o presidente dos EUA se apresentou como mediador entre as partes — mesmo com a Rússia ocupando parte do território ucraniano desde 2022.
“Acho que Zelenskiy quer que isso termine, e acho que Putin também quer. Agora, tudo o que eles precisam é se entender um pouco”, disse Trump a jornalistas.
Zelenskiy reagiu com cautela:
“Nós queremos isso. Putin não quer.”
O Kremlin confirmou o contato e afirmou que a próxima cúpula entre Trump e Putin ainda está em discussão. A anterior, realizada no Alasca, terminou sem avanços concretos.
Europa em alerta
O tom de reconciliação adotado por Trump após a conversa com Putin preocupou líderes europeus, que temem uma política externa mais branda com Moscou.
Um porta-voz da União Europeia declarou que as negociações “seriam bem-vindas se trouxessem paz”, mas fontes diplomáticas admitem desconforto com a possibilidade de um acordo unilateral que beneficie a Rússia.
O analista Michael Carpenter, do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, avaliou:
“A reunião com Trump não foi o que Zelenskiy esperava. A realidade é que não há disposição do governo americano em impor custos à Rússia.”
Por Reuters