As Forças Armadas dos Estados Unidos bombardearam, na noite de terça-feira (21/10), um barco que navegava no Oceano Pacífico, próximo à costa da América do Sul. O secretário de Guerra, Pete Hegseth, confirmou a ação nesta quarta-feira (22/10), afirmando que a embarcação pertencia a uma “organização terrorista” envolvida com o tráfico internacional de drogas. Duas pessoas morreram no ataque.
“Havia dois narcoterroristas a bordo no momento do ataque, que foi realizado em águas internacionais. Ambos os terroristas foram mortos e nenhuma força norte-americana foi ferida”, declarou Hegseth em uma rede social. O ponto exato do bombardeio não foi divulgado.
Este é o primeiro ataque militar reportado no Pacífico desde o início da nova ofensiva do governo Donald Trump contra o narcotráfico na América Latina. Até agora, as ações haviam se concentrado no Caribe, onde sete ataques foram registrados em pouco mais de um mês, resultando em pelo menos 32 mortos e em tensões diplomáticas com Venezuela e Colômbia.
Questionamentos sobre legalidade e método
Segundo a agência Reuters, juristas e analistas têm questionado por que as operações estão sendo conduzidas pelas Forças Armadas — e não pela Guarda Costeira, responsável pela fiscalização marítima dos EUA. Especialistas também cobram transparência sobre as evidências que justificam o uso de força letal e o motivo de não se optar por interceptações.
Em agosto, a Guarda Costeira lançou a Operação Víbora, que até 15 de outubro havia apreendido mais de 45 toneladas de cocaína no Pacífico. Ainda assim, o governo americano não explicou por que preferiu o bombardeio à abordagem direta neste caso.
Na semana passada, dois suspeitos sobreviveram a um ataque semelhante no Caribe e foram resgatados por militares norte-americanos antes de serem repatriados para Colômbia e Equador.
Cresce presença militar dos EUA na América do Sul
O episódio ocorre em meio à ampliação da presença militar norte-americana na região, com destróieres equipados com mísseis guiados, caças F-35, um submarino nuclear e cerca de 6,5 mil militares mobilizados.
A escalada coincide com revelações do jornal The Washington Post sobre um documento confidencial no qual Trump teria autorizado a CIA a realizar “ações agressivas” contra o governo de Nicolás Maduro, na Venezuela. Segundo o jornal, embora o texto não mencione diretamente a derrubada do regime chavista, autoriza medidas que “podem levar a esse resultado”.
Fontes ouvidas pelo Post afirmam que, embora o governo justifique as operações como parte do combate às drogas, a maioria das substâncias ilícitas que entram nos EUA chega pelo México e pelo Pacífico, e não pelo Caribe — o que reforçaria a percepção de que a campanha tem motivações políticas e estratégicas ligadas à crise venezuelana.
Com informações do g1, Reuters e The Washington Post.