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Assédio de construtoras motiva campanha “Chega de Prédios” em bairro de SP

Moradores da Vila Mariana, bairro tradicional da Zona Sul de São Paulo, relatam que são constantemente abordados e até coagidos por construtoras

Casas que carregam história, valor sentimental e que, muitas vezes, atravessam gerações de diversas famílias estão, aos poucos, desaparecendo da cidade de São Paulo. Em uma megalópole lar para mais de 11 milhões de habitantes, a cidade mais populosa do Brasil, o crescimento desordenado ainda gera impasses.

Conforme dados do IBGE, a população estimada na capital paulista para 2025 é de mais de 11 milhões e 900 mil pessoas. A expectativa no aumento do número de moradores é acompanhada de um fenômeno chamado de “verticalização”, que prevê a construção de prédios no lugar de casas.

A estratégia é uma alternativa de promover um maior aproveitamento da área urbana, especialmente de regiões consideradas estratégicas, como as que têm boa acessibilidade ao transporte coletivo. 

Leia mais: Quem tem direito ao novo crédito para reformas de imóveis do Governo?

Dados da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias mostram que, no primeiro semestre do ano, a cidade de São Paulo teve mais de 59 mil lançamentos, um aumento de 43% em relação ao mesmo período do ano passado.

“Chega de Prédios”, na Vila Mariana

A mudança, porém, não agrada a todos. No tradicional bairro da Vila Mariana, na Zona Sul de São Paulo, parte dos moradores criaram um movimento chamado “Chega de Prédios”.

Muitos relatam que são constantemente abordados e até coagidos por construtoras para vender suas casas. Alguns chegaram a colocar placas com os dizeres “Essa casa não está à venda”, para não serem importunados.

A professora Patrícia Machado mora no bairro há mais de 20 anos e diz que o que acontece é um “estrangulamento dos miolos”. Ela reclama do que chama de assédio imobiliário.

“Claro que, com o nosso movimento, os corretores de corporação recuaram, mas, ainda assim, a gente tem, eventualmente, assédio. Eles descobrem os nossos telefones, e-mails de parentes que, inclusive, alguns nem moram no Brasil, o que nos incomoda muito, porque nós nos sentimos pressionados a negociar as nossas casas, sendo que nós nunca sinalizamos que queríamos nos mudar”, disse a professora.

Histórico da verticalização

A verticalização de São Paulo começou em 1920, quando uma das principais vias da cidade, a Avenida Paulista, antes exclusivamente residencial, começou a dar espaço para construções de prédios e edifícios mais modernos.

Em 2014, foi lançado o Plano Diretor Estratégico, para orientar o desenvolvimento e o crescimento da cidade até 2029. O documento passou por alterações há dois anos.

A região da Vila Mariana, por exemplo, antes considerada uma Zona Mista, com imóveis comerciais e residenciais, passou a ser classificada como uma Zona Eixo de Estruturação da Transformação Urbana.

Isso significa que a região se torna parte de um planejamento urbano que busca aumentar a densidade populacional e de negócios no bairro. Consequentemente, resulta em mais investimentos e construções.

Modelo precisa ser repensado, diz arquiteto

Para o arquiteto e urbanista Kazuo Nakano, do Instituto das Cidades, da Unifesp, apesar de ter pontos positivos e negativos, o modelo de verticalização atualmente usado em São Paulo precisa ser repensado.

Segundo ele, um dos pontos que precisa de atenção é a quantidade de novos empreendimentos sendo construídos, ao mesmo tempo, em espaços pequenos.

“Tudo depende do modo como é feita essa verticalização e também do tempo. Eu acho que, do jeito como está acontecendo na cidade, por exemplo, em uma quadra de repente se constrói cinco, seis empreendimentos ao mesmo tempo, isso eu acho muito ruim, porque é muito impactante e não dá tempo para o bairro ir acomodando a mudança”, pontuou Nakano.

Alegação da prefeitura

Em nota, a Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento alegou que a revisão da Lei de Parcelamento, Uso e Ocupação do Solo seguiu conforme o Plano Diretor Estratégico de 2014.

A pasta explicou que o plano considera prioritários as regiões que ficam no entorno de estações de transporte público de média e alta capacidade.

Por Luiza Muttoni

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