Nas próximas duas semanas, os olhos do mundo estão voltados para a floresta amazônica, em especial para Belém (PA). Com a COP30 dominando os debates sobre financiamento climático e transição energética, a atenção se divide entre as reuniões oficiais e uma agenda intensa de eventos paralelos.
Além da programação na Blue Zone, onde ocorrem as negociações formais, uma série de atividades acontece na Green Zone, o pavilhão aberto à sociedade civil, e em diferentes pontos da cidade.
A seguir, os principais eventos que ocorrem em paralelo às negociações da COP30.
Marcha Global pela Saúde
Nesta terça-feira (11/11), o grupo Médicos pelo Clima — formado pelo Instituto Ar, Fiocruz e Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) — organiza a Marcha Global pela Saúde, saindo em direção à Blue Zone, no Parque da Cidade.
A mobilização antecede o Dia da Saúde, previsto na programação oficial da conferência para quinta-feira (13/11). Durante o ato, estão previstas oficinas de ativismo, distribuição de materiais educativos e ações de engajamento popular.
O movimento busca pressionar por políticas públicas que reconheçam a interdependência entre meio ambiente, saúde e justiça social.
Leia mais: COP30 em Belém: cinco eixos colocam Brasil e Amazônia no centro da diplomacia climática
Prêmio Fóssil do Dia
Todos os anos, a Climate Action Network (CAN) entrega o Prêmio Fóssil do Dia, uma premiação simbólica e crítica às delegações e países que atuam contra a pauta climática. O troféu é concedido desde 1999, e o Brasil já foi “homenageado” algumas vezes.
Em 2023, quando o país aderiu à Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), o Brasil recebeu seu terceiro prêmio. Em outros anos, o país foi citado nas categorias “Não proteger as pessoas dos impactos climáticos” e “Política da motosserra”, durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O “Fóssil do Dia” é entregue diariamente durante a COP, com o país “vencedor” eleito por um conjunto de cerca de 1.200 entidades e organizações civis.
Cúpula dos Povos
Em paralelo às negociações oficiais, acontece a Cúpula dos Povos, conferência que reúne mais de mil organizações e entidades para discutir, a partir de suas próprias perspectivas, qual deve ser o futuro da justiça climática.
O encontro, que começa nesta terça-feira (12/11), reúne representantes indígenas, quilombolas e populações rurais. A abertura será marcada pela “barqueata da Cúpula”: a partir das 9h, mais de 200 embarcações vão circular pela Baía do Guajará, em frente a Belém, com cerca de 5 mil pessoas, incluindo lideranças como o cacique Raoni.
A barqueata parte da Universidade Federal do Pará (UFPA), território da Cúpula dos Povos, e segue margeando o rio Guamá, que depois passa a ser chamado de rio Guajará, até chegar à Vila da Barca — área de palafitas marcada por décadas de resistência da comunidade contra a especulação imobiliária e a ausência de saneamento básico.
Leia mais: Como funcionam as negociações na COP30 e o que o Brasil espera do encontro em Belém?
Pavilhão das Ciências Planetárias
Pela primeira vez, a COP terá um Pavilhão das Ciências Planetárias, dedicado a aproximar ciência e políticas públicas em um verdadeiro centro de comando científico.
A criação do espaço foi determinada pela Presidência da COP30, em resposta às demandas pela maior presença da ciência nas negociações.
As ciências planetárias entendem o planeta como um sistema integrado, conectando clima, natureza e sociedade. A área parte do princípio de que saúde humana e saúde planetária são inseparáveis.
Leia mais: COP30: conheça o dicionário com os principais termos e siglas da conferência do clima
A iniciativa é presidida por Carlos Nobre, co-presidente do Painel Científico para a Amazônia, e por Johan Rockström, diretor do Instituto Potsdam para Pesquisa do Impacto Climático.
Além de palestras e debates, o pavilhão receberá a apresentação de estudos como o Global Tipping Points Report, o Global Carbon Budget 2025, o 10 New Insights in Climate Science e o Amazon Assessment Report 2025.
Pavilhão das Universidades
A COP30 também vai reunir a elite científica em torno do Pavilhão das Universidades, organizado pela Unicamp na Blue Zone.
O espaço reunirá pesquisadores de diferentes instituições, incluindo a Unesp, para discutir o futuro climático na perspectiva da ciência, com foco em soluções baseadas em evidências e em formação de novas gerações de especialistas em clima.
