A Justiça de São Paulo negou pela 3ª vez o pedido de prisão preventiva contra os policiais militares Guilherme Augusto Macedo e Bruno Carvalho do Prado que mataram o estudante de medicina Marco Aurélio Cardenas Acosta.
O caso ocorreu na Vila Mariana, na Zona Sul de São Paulo, em novembro de 2024. A confusão começou quando Marco Aurélio deu um tapa no retrovisor de uma viatura e correu para dentro de um hotel, onde estava hospedado. Ele foi morto com um tiro à queima-roupa.
Os bombeiros levaram Marco Aurélio ao Hospital Ipiranga — que sabiam estar com a emergência fechada por conta da superlotação, segundo a ficha de atendimento médica.
Para a juíza Luciana Menezes Scorza, não há necessidade de prendê-los antes do júri. “Não há fato novo a ensejar a decretação da custódia cautelar dos denunciados”, decidiu. O advogado Pedro Medeiros Muniz, que representa a família do estudante, informou que vai recorrer da decisão.
A magistrada ainda negou o pedido de monitoramento por tornozeleira eletrônica, já que “não há notícia nos autos de que os denunciados estejam descumprindo qualquer das medidas cautelares impostas”.
O pai de Marco Aurélio, o médico Julio Cesar Acosta Navarro, lamentou a decisão e compartilhou uma carta aberta enviada à juíza.
“Marco Aurélio desde as estrelas onde estiver me acompanhará na minha luta, ele será meu conforto e inspiração, secará as minhas lágrimas e me dará força quando estiver ferido de morte como agora, desta vez pela sua causa. Sra. juíza, você sempre esteve em condições de exercer a sagrada justiça e conforto para a família da vítima, porém você preferiu perpetuar nossa tragédia”, escreveu o médico.
O jovem foi levado ao Hospital Ipiranga, que fica a cerca de 5 km da cena do crime. Antes de ser submetido a cirurgia, ele sofreu duas paradas cardiorrespiratórias e morreu.
Na ficha de atendimento, de 13 páginas, consta uma intercorrência: “Emergência fechada em razão de superlotação e indisponibilidade de tomógrafo (inoperante há uma semana)”.
O documento também registra que o Núcleo Interno de Regulação (NIR) havia informado todas as equipes sobre a situação, mas que “a equipe de bombeiros trouxe [a vítima] mesmo sabendo da superlotação e ausência de tomógrafo”.
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O tomógrafo — aparelho de diagnóstico por imagem que usa raios-x e computadores para gerar imagens internas do corpo — seria fundamental para localizar o projétil que perfurou o estudante.
Relembre o caso
Marco Aurélio foi morto durante uma abordagem policial na madrugada de 20 de outubro de 2024, na Vila Mariana, na Zona Sul de São Paulo. Ele tinha 22 anos e estava no quinto ano do curso de medicina na Universidade Anhembi Morumbi.
A confusão começou quando o estudante deu um tapa no retrovisor da viatura dos PMs Guilherme Augusto Macedo e Bruno Carvalho do Prado e correu para o interior de um hotel, onde ele estava hospedado com uma mulher.
A ação foi registrada por uma câmera de segurança. Nas imagens, é possível ver que o jovem entrou no saguão do hotel sem camisa e foi perseguido pelos policiais. Um dos agentes tentou puxar Marco Aurélio pelo braço, enquanto o outro o chutou. Em seguida, o estudante segurou a perna do policial, que caiu no chão.
Durante a confusão, o PM Guilherme atirou na altura do peito do estudante. No boletim de ocorrência, os policiais alegaram que o jovem teria tentado pegar a arma de Bruno.
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