O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu a IV Cúpula CELAC-UE, neste domingo (9/11), em Santa Marta, defendendo paz, integração regional e cooperação contra o crime organizado. Em discurso firme, Lula afirmou que América Latina e Caribe vivem um período de divisão e que as cúpulas não podem se transformar em encontros “vazios”.
Lula aponta crise de integração e alerta para extremismos
No discurso, Lula lamentou que a região esteja novamente fragmentada, com aumento da intolerância, do extremismo político e da manipulação de informações. Ele disse que projetos pessoais de apego ao poder estão “solapando a democracia” e impedindo que líderes com visões diferentes conversem na mesma mesa.
O presidente também criticou a falta de continuidade das decisões regionais, afirmando que muitas iniciativas “não saem do papel”, enquanto grandes líderes deixam de comparecer às reuniões.
Guerra na Europa, ameaças armadas e risco democrático
Lula destacou que a guerra na Europa segue drenando recursos que poderiam financiar desenvolvimento sustentável. Em paralelo, denunciou o retorno de retóricas que justificam intervenções ilegais e lembraram que a América Latina é uma “região de paz” que deseja permanecer assim.
Ele reforçou que democracias não combatem o crime violando o direito internacional, e que o avanço do crime organizado corrói instituições, famílias e economias inteiras.
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Segurança regional, fronteiras e combate ao crime organizado
Lula afirmou que não existe “solução mágica” para a criminalidade, defendendo repressão às lideranças do crime, rastreamento do tráfico de armas e ações para estrangular o financiamento de facções.
Ele citou a renovação do Comando Tripartite da Tríplice Fronteira, com Argentina e Paraguai, e o Centro de Cooperação Policial Internacional da Amazônia, em Manaus, que reúne agentes de nove países para combater crimes financeiros, tráfico de drogas, armas e pessoas.
Clima, florestas e COP30 no coração da Amazônia
O presidente afirmou que a COP30, realizada na Amazônia, é uma vitrine para mostrar que conservar florestas “é cuidar do futuro do planeta”. Destacou o Fundo de Florestas Tropicais para Sempre como alternativa econômica sustentável e defendeu acelerar a transição energética na região.
MERCOSUL-União Europeia e integração econômica
Lula pediu que o acordo MERCOSUL-UE avance na próxima cúpula do bloco, em dezembro, dizendo esperar que os dois lados finalmente digam “sim” a um comércio baseado em regras multilaterais. Ele lembrou que o pacto criaria um mercado de 718 milhões de pessoas e PIB superior a US$ 22 trilhões.
O presidente defendeu ainda cadeias produtivas mais resilientes, superação da dependência de exportação de matéria-prima e políticas que promovam igualdade de gênero, incluindo apoio à eleição de uma latino-americana como Secretária-Geral da ONU no futuro.
