O tenista sérvio Novak Djokovic se mudou para a Grécia e vem sendo chamado de traidor em seu país natal por causa de suas posições políticas. A correspondente da TMC em Londres, Marina Izidro, conversou com Thomaz Rafael e Maiara Bastianello sobre a mudança e as reações provocadas na Sérvia.
Segundo Marina, já circulavam rumores de que Djokovic deixaria a Sérvia para viver na Grécia com a família. Nos últimos dias, o próprio atleta confirmou a informação em uma entrevista à imprensa grega. Ele disse que a decisão não havia sido planejada há muito tempo, mas que sua vida pessoal e profissional mudou muito nos últimos anos.
A mudança foi comentada logo após a estreia de Djokovic no ATP 250 de Atenas, onde ele venceu a primeira partida. Durante a entrevista na quadra, um repórter perguntou, em tom de brincadeira, se aquela podia ser considerada sua primeira vitória “em casa”. O tenista sorriu, desconversou e elogiou a hospitalidade dos gregos.
Djokovic passou boa parte da carreira morando fora da Sérvia, mas o distanciamento atual tem um pano de fundo político. No fim do ano passado, o ex-número um do mundo publicou uma mensagem sobre um desabamento em uma estação de trem sérvia que matou 16 pessoas. O acidente provocou protestos de estudantes, que responsabilizaram o governo pelo episódio, alegando corrupção e negligência. Djokovic apoiou publicamente os manifestantes e, desde então, manteve essa posição.
O tenista chegou a usar um casaco com a frase “estudantes são campeões” e, em Wimbledon, fez um gesto com as mãos interpretado na Sérvia como um incentivo ao movimento estudantil. A imprensa favorável ao presidente sérvio iniciou então uma campanha contra o atleta, chamando-o de “traidor” e “falso patriota”.
Marina Izidro destacou que, embora o motivo oficial da mudança não tenha sido divulgado, o contexto político pode ter contribuído. Djokovic afirmou que a decisão foi tomada pensando no bem-estar dos filhos e da família. Apesar das críticas, ele continua sendo um dos maiores ídolos esportivos da Sérvia.
Ao longo da carreira, Djokovic sempre se mostrou disposto a expressar suas opiniões, mesmo quando isso gerava controvérsia. Um dos episódios mais conhecidos foi sua recusa em tomar a vacina contra a Covid-19. Na época, o tenista repetia a frase “meu corpo, minhas regras” e acabou sendo deportado da Austrália, ficando impedido de disputar o Aberto da Austrália em 2022.
A polêmica dividiu opiniões. Parte do público defendeu o direito individual do jogador, enquanto outros criticaram a postura por considerar que ele, como figura pública, poderia influenciar negativamente outras pessoas. O caso reforçou a imagem de Djokovic como uma personalidade polarizadora no esporte.
Durante os torneios, o sérvio também costuma despertar reações intensas. É comum ser vaiado e aplaudido na mesma partida. Ele responde de forma provocadora, pedindo mais vaias e demonstrando que se alimenta da pressão da torcida.
Nos bastidores, Djokovic é conhecido por seu comportamento disciplinado e por ser um dos atletas mais dedicados do circuito. Ele já conquistou 24 títulos de Grand Slam e protagonizou o documentário The Game Changers, sobre alimentação à base de plantas. O jogador afirmou que, ao eliminar o glúten de sua dieta, melhorou o desempenho físico.
Apesar da seriedade com que trata a carreira, Djokovic também é lembrado por seu bom humor. Durante anos, ficou famoso por imitar outros tenistas em quadra, como Rafael Nadal, gesto que costumava arrancar risadas do público.
Ao longo da conversa no TMC 360, também foi lembrado que o atleta possui visões consideradas nacionalistas e, às vezes, controversas. Ele já declarou publicamente que “o Kosovo é a Sérvia”, reacendendo feridas da antiga Iugoslávia. Além disso, se envolve com práticas espirituais e esotéricas. Djokovic visita frequentemente pirâmides na Bósnia, onde diz encontrar uma “água especial” capaz de purificar energias, e já contratou gurus para orientação pessoal.
Aos 38 anos, Djokovic é visto como uma das figuras mais influentes do tênis contemporâneo — admirado e criticado na mesma proporção. Sua mudança para a Grécia simboliza mais um capítulo de uma carreira marcada por conquistas, embates e opiniões fortes, que continuam a provocar reações dentro e fora das quadras.
