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COP30 em Belém: cinco eixos colocam Brasil e Amazônia no centro da diplomacia climática

Conferência será tratada como ponto de virada para unir novas metas climáticas, dinheiro em escala de trilhão e proteção das florestas tropicais

A COP30, realizada em Belém (PA), coloca o Brasil e a Amazônia no centro da diplomacia climática global. Para a Convenção do Clima da ONU (UNFCCC), as conferências servem para revisar acordos, negociar novas decisões e definir o rumo da ação climática em cinco frentes: mitigação, adaptação, financiamento, tecnologia e capacitação.

Em Belém, a conferência é tratada como um ponto de virada. É na COP30 que os países precisam alinhar novas metas nacionais mais ambiciosas, conhecidas como NDCs, dinheiro novo e proteção de florestas tropicais para manter viva a meta de 1,5 ºC do Acordo de Paris.

1. Florestas tropicais e Amazônia no centro do mapa

O primeiro grande eixo é a proteção das florestas tropicais e da biodiversidade, com foco direto na Amazônia. O site oficial da COP30 deixa claro que a proteção das florestas e a transição energética serão os temas centrais da agenda de líderes. O Brasil pretende usar a conferência para consolidar a meta de desmatamento zero até 2030 e apresentar a Amazônia como solução climática, não apenas como área de risco.

Dentro dessa estratégia, ganha força o Tropical Forests Forever Facility (TFFF), fundo desenhado para pagar anualmente países que mantêm suas florestas em pé, com governança compartilhada entre países florestais e previsão de destinar parte dos recursos diretamente a povos indígenas e comunidades tradicionais.

Leia mais: TFFF: entenda como vai funcionar o fundo para proteger florestas tropicais criado por Lula

2. Transição energética e “transformação ecológica”

O segundo eixo é a transição energética. A presidência da COP30 fala em uma “transformação ecológica” da economia brasileira, com empresas estatais, como a Petrobras, caminhando de um modelo centrado em petróleo para um portfólio mais amplo de energias limpas.

Na prática, isso coloca na mesa temas como:

  • redução gradual do uso de combustíveis fósseis;
  • ampliação de fontes renováveis;
  • o papel de biocombustíveis e “combustíveis sustentáveis”, como etanol, biodiesel, hidrogênio e e-fuels.

É um debate sensível. Para alguns países e especialistas, a bioenergia é oportunidade; para outros, traz risco de desmatamento indireto, disputa por terra e pressão sobre recursos hídricos. Na ONU, o tema aparece ligado à mitigação e à ideia de transição justa, que busca reduzir emissões sem ampliar desigualdades.

3. Financiamento climático em escala de trilhão

O terceiro eixo decisivo é o financiamento climático. A COP30 herda de Baku (COP29) o chamado “Baku to Belém Roadmap to 1.3T”, um roteiro político que busca traçar caminhos para mobilizar ao menos US$ 1,3 trilhão por ano até 2035 para países em desenvolvimento financiarem a transição climática.

Esse volume deve combinar recursos públicos, bancos multilaterais, setor privado e filantropia. Analistas já tratam a COP30 como o teste de credibilidade desse compromisso, especialmente depois do fracasso histórico da meta anterior de US$ 100 bilhões anuais prometidos pelos países desenvolvidos.

Nesse cenário, o TFFF surge como um instrumento específico para florestas tropicais, complementando mecanismos já existentes, como o Fundo Verde para o Clima e o fundo de perdas e danos.

Leia mais: Como funcionam as negociações na COP30 e o que o Brasil espera do encontro em Belém?

4. Adaptação e perdas & danos para quem já sofre a crise

O quarto bloco de temas envolve adaptação e “perdas e danos”. A presidência brasileira da COP30 destaca que milhares de municípios no país vivem sob emergência climática recorrente, seja por secas, enchentes e eventos extremos.

A conferência pretende ir além do debate sobre redução de emissões e avançar em políticas de adaptação e resiliência para as populações mais vulneráveis. No regime da ONU, isso se conecta aos Planos Nacionais de Adaptação (NAPs) e ao mecanismo de Loss and Damage, criado para lidar com impactos já inevitáveis, como:

  • elevação do nível do mar;
  • desertificação acelerada;
  • desastres que superam a capacidade local de adaptação.

Em Belém, a discussão deve girar em torno de quanto do financiamento climático irá para adaptação, quais critérios de acesso terão os países mais pobres e como o fundo de perdas e danos será capitalizado e operacionalizado.

5. Justiça climática, povos indígenas e inclusão social

O quinto eixo é justiça climática, com foco em povos indígenas e inclusão social. Sediada em uma cidade amazônica, a COP30 é apresentada pelo governo como oportunidade de “mudar a percepção da Amazônia”, mostrando que 75% da população da região vive em áreas urbanas.

A agenda climática, portanto, precisa dialogar com cidades, periferias, ribeirinhos, quilombolas e povos indígenas. A proposta de o TFFF destinar uma parcela fixa dos recursos diretamente a povos indígenas e comunidades tradicionais é um exemplo desse reposicionamento, aproximando justiça climática de decisões concretas sobre governança e fluxos financeiros.

Na arquitetura da UNFCCC, o tema se liga à plataforma de Povos Indígenas e Comunidades Locais (LCIPP) e à ideia de transição justa, que busca evitar que políticas climáticas aprofundem desigualdades históricas.

Leia mais: COP30: conheça o dicionário com os principais termos e siglas da conferência do clima

O que está em jogo em Belém

Em síntese, o que está em jogo na COP30 é se o mundo conseguirá, em Belém, costurar um pacote que una:

  • NDCs mais ambiciosas;
  • florestas em pé;
  • transição energética real;
  • financiamento em escala de trilhão;
  • respostas concretas para quem já sofre a crise climática.

Documentos da UNFCCC e os textos oficiais do site da COP30 indicam que, desta vez, a conferência não é apenas sobre negociar parágrafos, mas sobre testar se o sistema multilateral ainda tem fôlego político e financeiro para entregar resultados à altura da emergência climática.

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