O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu a COP30, em Belém, com um discurso direto: o mundo está na “velocidade errada” para conter o aquecimento global e não há mais espaço para negar a ciência. Diante de líderes, cientistas e ativistas, ele afirmou que a conferência precisa marcar uma virada na ação climática e colocou a Amazônia no centro das decisões.
A Amazônia como palco — e alerta
Lula destacou que trazer a COP para o coração da floresta foi uma decisão estratégica. Segundo ele, a Amazônia é muito mais que uma paisagem aérea: é território vivo de quase 50 milhões de pessoas, incluindo povos indígenas, que enfrentam desigualdades profundas. O presidente lembrou que parte dessas vulnerabilidades se repete em regiões do planeta que já sofrem com secas, enchentes e eventos extremos.
O discurso também citou o tornado no Paraná e o furacão Melissa, mostrando que a crise climática deixou de ser ameaça futura para se tornar tragédia presente. Lula disse que “o desalento não pode vencer a juventude” e pediu foco global em adaptação, redução de emissões e financiamento justo para países em desenvolvimento.
Chamado à Ação e recado aos negacionistas
Lula apresentou o Chamado à Ação, documento construído após a Cúpula de Belém, que cobra de nações ricas o cumprimento das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), além de mais tecnologia e recursos para o Sul Global. Ele pontuou que romper a barreira de 1,5°C seria “um risco que o planeta não pode correr”.
O presidente também subiu o tom contra o negacionismo climático. Disse que “algoritmos que espalham ódio” seguem atacando ciência e instituições, e que a COP30 precisa representar uma derrota definitiva para a desinformação.
Propostas globais e protagonismo indígena
Entre as soluções apresentadas, Lula defendeu a criação de um Conselho do Clima ligado à Assembleia Geral da ONU para transformar compromissos em ações concretas. Ele ainda reforçou o papel dos povos indígenas na preservação, lembrando que 13% do território brasileiro é demarcado — e provavelmente ainda é pouco.
Belém como símbolo do que precisa mudar
Ao final, Lula afirmou que a COP30 é a “COP da verdade” e pediu que a floresta inspire “clareza de pensamento” aos negociadores. Os investimentos deixados na cidade, segundo ele, simbolizam a necessidade de construir um futuro sem tragédia anunciada. “Devemos aos nossos filhos um planeta onde seja possível sonhar”, concluiu.
