O cinema brasileiro volta a ocupar seu espaço nas telas com o filme “O Agente Secreto”, novo longa do pernambucano Kleber Mendonça Filho, que chega nesta quinta-feira (6/11) a mais de 700 cinemas, em 370 cidades brasileiras, em uma estreia simultânea com Alemanha e Portugal.

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O filme, que já percorreu mais de 50 festivais internacionais, conquistando 20 prêmios: incluindo Melhor Direção e Melhor Ator (Wagner Moura) no Festival de Cannes, é o representante do Brasil na corrida pelo Oscar 2026 na categoria Melhor Filme Internacional.
O longa nos transporta para 1977, “um ano de muita birra”, como define a primeira frase do filme, uma provocação que abre caminho para um mergulho na alma de um país sob tensão em período de ditadura.
A direção de arte e a trilha sonora constroem um retrato sensorial da década: o ruído do orelhão, o ronco do fusca, a poeira quente das ruas. A música, como em todos os filmes de Mendonça, é personagem à parte.
Em entrevista à Agência Brasil, Kléber Mendonça Filho, fala sobre a escolha da trilha:
“’Paêbirú’, de Zé Ramalho e Lula Côrtes, é uma obra-prima da psicodelia brasileira. Eu já escrevi o roteiro com duas músicas desse disco – ‘Harpa dos Áries’ e ‘Trilha de Sumé’. Elas são muito impactantes, quase como se o próprio vinil respirasse dentro do filme.”
Mendonça confessa que hoje vive algo que sempre sonhou: poder ‘discotecar’ seu filme, sem as limitações orçamentárias de antes. “É um prazer muito grande poder usar as músicas que amo, com orçamento para isso.”
O diretor confirmou que lançará um vinil duplo com a trilha sonora e um livro com o roteiro completo, pela editora Record, sob o selo Amacor.
ele reconhece a responsabilidade de representar o país num momento de grande visibilidade.
“É um período muito intenso de viagens e trabalho. No meio de tudo isso tenho recebido o reconhecimento de diretores que me inspiraram a fazer cinema, como Spike Lee. Mas o que acho mais importante é poder exibir ‘O Agente Secreto’ para todo o Brasil e além disso, para todo o mundo”.
No elenco, Wagner Moura brilha como Marcelo, um professor de tecnologia que tenta recomeçar a vida no Recife, fugindo de um passado violento. O ator, que já venceu Cannes pelo papel, é um dos cotados ao Oscar de Melhor Ator de 2026.
“Quando li o roteiro, senti uma conexão imediata com o texto que eu mesmo vinha escrevendo para o teatro. ‘O Agente Secreto’ fala de moral, verdade, poder e medo — tudo o que também me move na cena”, disse Moura em entrevista na Mostra de Cinema de São Paulo. O diretor está em cartaz com o espetáculo teatral “Um julgamento: Depois do Inimigo do povo”, peça inspirada na obra de Ibsen, criada por Wagner Moura e Christiane Jatahy.
Sua parceira de cena, Tânia Maria, comove como Dona Sebastiana, a proprietária dos apartamentos que acolhem refugiados no Recife. O papel, de uma generosidade profunda, humaniza o filme e coloca a atriz, citada em matérias de publicações americanas como a revista Variety e The Hollywood Reporter que a incluíram em listas de possíveis indicadas ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante de 2026 .
Alice Carvalho, que também integra o elenco, destacou à Agência Brasil a importância da diversidade no cinema nacional.
“O público brasileiro desvela outros sentidos do filme. A gente sente o impacto de ver os nossos sotaques, rostos e histórias nas telas. Isso é o Brasil que existe e que quer se ver representado.”
O Agente Secreto, que já faz parte de um dos maiores lançamentos nacionais, terá exibição garantida em mais de 90 países, incluindo China, México, Índia e Coreia do Sul.
Por Agência Brasil
