Vivendo na era da globalização e da tecnologia, muitas vezes, esquecemos que o mundo todo não entrou no trem das mudanças. Ushguli, uma comunidade isolada na Europa é a prova viva disso, na região, famílias vivem, há séculos, de acordo com tradições do século XVII, falando dialeto ancestral e resistindo ao mundo moderno.
A região é tombada pela UNESCO, desde 1996 limita construções modernas e mantém viva uma paisagem cultural única.
Ushguli é uma a vila localizada no coração das montanhas do Cáucaso, região remota considerada uma das mais isoladas da Europa. Lá os vilarejos são de pedra, cercados por torres medievais, onde as estações que determinam o ritmo da vida, visto que o inverno dura quase metade do ano.
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Localizada na região histórica de Svaneti, no topo da Geórgia, essa comunidade sobreviveu todos os interpéries do declínio da Europa como invasões, colapso de impérios, etc. Ushguli fica a aproximadamente 2.100 metros de altitude e é uma das vilas habitadas mais altas da Europa.
Segundo o Click Petróleo e Gás, durante séculos, “chegar ali significou desafiar estradas estreitas, rios turbulentos e neve que bloqueia caminhos por meses”. Na atualidade, durante os invernos, os moradores ainda ficam isolados, precisando estocar alimentos e produtos básicos por semanas.
Tradições do século XVII
As famílias locais, conhecidas como svanetianos, em Ushguli, buscam preservar as tradições que voltam ao século XVII, como:
- Casas de pedra com arquitetura medieval;
 - Torres fortificadas erguidas entre os séculos IX e XII para defender famílias em tempos de guerra e vendetta;
 - Língua própria — o svan, considerada uma das línguas mais antigas da Europa, sem alfabeto próprio e falada apenas ali
 - Costumes comunitários e agrícolas centrados em gado, trigo e produção artesanal
 - Rituais religiosos ortodoxos com influências pré-cristãs
 
A tradição culutaral é tão viva que os sobrenomes das famílias contam histórias de clãs, os casamentos seguem tradições rígidas e rituais agrícolas ainda marcam a passagem das estações.
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Na comunidade, as festas comunitárias são constantes e celebram colheitas, nascimento de crianças, casamentos e datas religiosas tal qual faziam no passado.
A geografia da região limita o turismo, o que preserva o isolamento. A população local tem forte oposição em mordernizar a vila, transformando-a em um “cenário artificial”.
Sobrevivência
Apesar da estética bucólica, a vida em Ushguli não é apenas uma forma romântica de existir, mas, sim, é resistência, visto que inverno pode chegar a –20 °C.
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A economia local depende de três pilares fundamentais:
- Pecuária;
 - Agricultura de subsistência;
 - Turismo de baixa escala.
 
Divisão geracional
Viver em uma comunidade isolada tem seus desafios, principalmente, para os jovens que se veem divididos entre manter tradições e buscar oportunidades nas cidades próximas como Zugdidi e Tbilisi, onde existem universidades, empregos e contato com o mundo globalizado.
Mesmo assim, relatos apontam que muitos jovens, após a faculdade retornam para Ushguli, pelo sentimento de “pertencimento ao vale”.
Evolução com o tempo
Apesar de estarem segregadas do restante do mundo, nos últimos anos, o vilarejo sofreu avanços pequenos, como:
- A energia elétrica alcançou áreas remotas por meio de pequenas hidrelétricas locais;
 - A internet via satélite começou a chegar;
 - Uma estrada parcialmente asfaltada encurtou a rota para a cidade mais próxima.
 
