A eleição para o próximo secretário-geral da ONU, que assume em 2026, já virou um barraco internacional. Donald Trump, sempre ele, deu indícios de que não aceita que a escolha recaia sobre a América Latina. Essa postura polêmica gera uma enorme tensão regional, conforme explicou o colunista Jamil Chade.
Por anos, a região foi tratada como quinta roda pelas políticas externas dos Estados Unidos. Agora, segundo Chade, Trump decidiu que a América Latina é prioridade, mas não para investimento. Pelo contrário, a meta é controlar e garantir uma influência americana absoluta na área.
Pela regra de rotação, depois de mais de 30 anos de espera, era a vez de um nome da América Latina assumir o comando da ONU. Além disso, existe um consenso histórico: após 80 anos, a liderança deveria ser, finalmente, de uma mulher.
Eis que vem a ducha de água fria. Segundo Chade, o governo Trump avisou, em uma reunião secreta: “Nada disso!”. O homem mais poderoso do mundo vetou a rotação e a necessidade de que seja uma mulher a escolhida. O critério, ele disse, seria puramente a “meritocracia”.
Conforme explicou Chade, quando se usa o discurso do “mérito”, é um jeito de dizer: “Não será da América Latina, e não será, necessariamente, uma mulher”.
Segundo o próprio colunista, essa é uma tentativa de barrar qualquer cota regional. Ao convidar candidatos do “mundo todo,” a corrida é aberta, mas com um recado direto. O objetivo, de acordo com a informação trazida por Chade, é excluir a América Latina dessa posição de destaque na ONU.
Para o jornalista Rodrigo Alvarez, quem participou do debate, a meritocracia de Trump é, na verdade, a tal “americocracia”, passando por cima de qualquer rodízio histórico.
Por Jamil Chade
