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Plano de paz de Trump prevê força internacional e governo estrangeiro na reconstrução de Gaza

O plano de paz proposto para Gaza

O governo dos Estados Unidos encaminhou ao Conselho de Segurança da ONU um projeto de resolução que prevê a criação de uma Força Internacional de Paz em Gaza. O plano, associado ao ex-presidente Donald Trump, surge após o cessar-fogo entre Israel e o Hamas — um acordo amplamente violado nos primeiros dias de sua implementação. Segundo o conteúdo do projeto, a nova força teria um mandato inicial de dois anos, podendo ser prorrogado. Nesse período, Gaza passaria a funcionar como uma espécie de protetorado internacional, sob administração externa.

Essa Força Internacional de Paz não seria formada pelas Nações Unidas, mas composta por tropas de países aliados dos Estados Unidos e de Israel. O texto determina que qualquer contingente presente em Gaza precisaria da chancela de ambos os governos, excluindo, portanto, a participação de grupos ou países que não contem com o aval americano e israelense.

Além disso, os palestinos não participariam nem das forças internacionais nem do processo de governo local, a menos que retirassem todas as denúncias feitas contra o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu por crimes cometidos durante o conflito. Apenas após essa condição poderiam integrar uma futura administração em Gaza. O Hamas, segundo o documento, seria completamente desarmado e deixaria de existir politicamente na região.

Estrutura de governo e administração do território

De acordo com o projeto, o governo e a reconstrução de Gaza ficariam sob responsabilidade de um “Conselho de Paz”. Esse conselho seria formado por integrantes ainda não especificados, mas com a ausência confirmada de representantes palestinos. As decisões administrativas, econômicas e estruturais da região seriam tomadas por esse grupo, que teria poder para determinar o destino político e econômico do território durante o período de intervenção.

O Conselho de Paz também seria o responsável por coordenar o financiamento da reconstrução de Gaza. O projeto estabelece que os recursos internacionais destinados à recuperação das áreas destruídas não passariam pelas autoridades palestinas, mas seriam administrados diretamente por esse órgão internacional. O texto sugere ainda a presença de empresários estrangeiros na composição do conselho, indicando que o processo de reconstrução pode envolver interesses econômicos de grupos privados.

Reconstrução e interesses econômicos

A proposta destaca que a reconstrução de Gaza seria liderada por empresas estrangeiras, sob supervisão do Conselho de Paz. Essa estrutura levantou questionamentos sobre possíveis benefícios a construtoras americanas. Há referência à atuação de empresários ligados ao entorno político de Trump, como o genro Jared Kushner, que já teve negócios no setor imobiliário no Oriente Médio. A perspectiva de reconstrução da região com investimento privado é vista como uma oportunidade para empreendimentos voltados a setores de turismo, habitação e infraestrutura de luxo.

O projeto, no entanto, não detalha o mapa de divisão territorial de Gaza nem as áreas específicas destinadas à reconstrução. Ainda assim, o documento e as análises associadas indicam que parte significativa do território — cerca de 53% — está atualmente sob controle israelense. A ocupação dessa porção do território levanta questionamentos sobre a ampliação das fronteiras de Israel e o futuro da soberania palestina.

Debate sobre soberania e direitos

Entre os pontos mais controversos do plano, está a ausência de qualquer menção à soberania palestina. O texto não reconhece formalmente o direito dos palestinos à autodeterminação e coloca o governo da região sob controle externo. O conceito de “proteção internacional” é utilizado para justificar a administração estrangeira, sem previsão de transferência de poder para lideranças locais.

Declarações de representantes ligados ao governo Trump reforçam essa visão. O ex-embaixador dos Estados Unidos em Israel chegou a afirmar que “os palestinos não existem” como povo, classificando o termo como uma designação meramente política. Essa ideia, ainda presente em parte do debate político da região, sustenta a narrativa de que palestinos poderiam ser reassentados em outros países árabes, como a Jordânia, onde há uma expressiva população de origem palestina — inclusive a rainha do país.

Perspectivas para a região

Apesar das críticas, o projeto norte-americano busca oferecer um caminho político após o cessar-fogo, ainda que não definitivo. Ele estabelece as bases para uma administração internacional e para a reconstrução física de Gaza, mas sem abordar o tema da legitimidade política dos palestinos nem o futuro de sua representação.

Especialistas e analistas ressaltam que qualquer solução duradoura depende do reconhecimento de dois estados soberanos e viáveis, convivendo lado a lado com fronteiras mutuamente aceitas. A proposta de transformar Gaza em um território administrado externamente, sem voz palestina, levanta dúvidas sobre a viabilidade de uma paz sustentável e sobre a capacidade da região de se reconstruir com autonomia.

O desafio permanece em encontrar um equilíbrio entre a necessidade de segurança para Israel e o direito dos palestinos à soberania. Sem isso, o plano de paz de Trump corre o risco de perpetuar o conflito sob uma nova forma de controle.

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