O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou neste sábado (25/10) a continuidade da guerra em Gaza e a falta de avanços na criação de um Estado palestino. A declaração foi feita durante a cerimônia de entrega do título de doutor “Honoris Causa” em Filosofia e Desenvolvimento Internacional do Sul Global pela Universidade Nacional da Malásia, em Putrajaya.
Lula destacou que jovens e comunidades universitárias têm denunciado a violência em Gaza e a inércia que impede a criação do Estado palestino. “Quase sempre são os jovens que nos recordam que a paz é o valor mais precioso da humanidade”, afirmou.
O presidente também criticou o uso de tarifas comerciais como forma de coerção internacional. Sem citar nomes, afirmou que “nações que não se dobram ao colonialismo e à dicotomia da Guerra Fria não se intimidarão diante de ameaças irresponsáveis”.
Ao defender o multilateralismo, Lula ressaltou a importância do Sul Global para a justiça e a superação das desigualdades internacionais. Segundo ele, “a defesa de uma ordem baseada no diálogo na diplomacia e na igualdade soberana das nações está no cerne da proposta brasileira de reforma das Nações Unidas”.
No campo econômico, o presidente apontou que países ricos têm nove vezes mais poder de voto no Fundo Monetário Internacional (FMI) do que o Sul Global. Ele classificou como insustentável a paralisia da Organização Mundial do Comércio (OMC) e o protecionismo global, que mantém desigualdades históricas entre economias desenvolvidas e emergentes.
Lula defendeu que recursos financeiros globais sejam direcionados para o desenvolvimento sustentável e criticou o modelo neoliberal que aprofunda desigualdades. “3 mil bilionários ganharam US$ 6,5 trilhões desde 2015. Esta cifra supera o PIB nominal atual da Asean e do Brasil somados”, disse.
O presidente permanece na Malásia até terça-feira (28). Neste domingo (26), está prevista uma reunião com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para tratar das tarifas sobre produtos brasileiros.
Por Agência Brasil
