O presidente-executivo da Nokia, Justin Hotard, afirmou que o avanço da inteligência artificial (IA) marca o início de um “superciclo” semelhante ao crescimento da internet nos anos 1990. Apesar das comparações, o executivo minimizou as preocupações sobre uma possível bolha tecnológica, em meio ao aumento expressivo de investimentos no setor.
Em entrevista à Reuters, Hotard disse acreditar que a IA está impulsionando um ciclo de crescimento de longo prazo, sustentado por tendências “muito favoráveis” em diversas indústrias. “Mesmo que haja uma bolha ou uma correção, as tendências estruturais continuam positivas”, afirmou.
O otimismo do executivo contrasta com as avaliações de parte do mercado financeiro. Uma pesquisa do Bank of America, divulgada neste mês, mostrou que mais da metade dos gestores de fundos acredita que as ações relacionadas à IA já estão infladas. Figuras como Jeff Bezos, fundador da Amazon, e Sam Altman, CEO da OpenAI, também alertaram que a euforia dos investidores pode resultar em grandes perdas.
O que disse o CEO da Nokia?
Ainda assim, a demanda global por data centers cresce de forma acelerada, acompanhando a corrida das empresas para expandir a infraestrutura necessária ao funcionamento da IA. Hotard, que comandou o grupo de IA e data centers da Intel antes de assumir a Nokia em abril, disse que o aumento é visível “em todos os setores”, incluindo companhias menores na Europa.
Segundo ele, “o investimento incremental e de crescimento é impulsionado pelos data centers”, apontando um avanço significativo no volume de negócios. Na manhã desta quinta-feira (23/10), a Nokia anunciou lucros trimestrais acima das expectativas, resultado impulsionado pela forte demanda por soluções de nuvem e redes ópticas, especialmente após a aquisição da norte-americana Infinera.
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O que é a “Bolha da IA”?
As declarações de Hotard ocorrem em meio ao debate sobre a chamada “bolha da IA”, termo usado para descrever a rápida valorização e o entusiasmo em torno da tecnologia. Segundo análise da Harvard Business Review, o momento atual repete padrões de euforia semelhantes aos vistos durante a bolha da internet no final dos anos 1990, quando empresas “.com” foram supervalorizadas sem apresentar lucros sustentáveis.
A Yale School of Management reforça a comparação, lembrando que a corrida digital de décadas atrás também nasceu de um otimismo tecnológico que ignorava riscos de mercado. Embora o colapso tenha causado perdas bilionárias, ele deixou uma infraestrutura sólida e abriu espaço para gigantes como a Amazon e o eBay, sinal de que até bolhas especulativas podem gerar transformações duradouras.
No caso atual, analistas apontam que a inteligência artificial vive uma combinação semelhante de entusiasmo e incerteza. Para Hotard, no entanto, essa volatilidade faz parte do processo de amadurecimento de uma tecnologia que, como a internet nos anos 1990, tende a remodelar a economia global nas próximas décadas.
Por Renan Honorato, com informações da Agência Estado