Na costa da Ilha de Vancouver, no Canadá, o fundo do oceano está literalmente se partindo. Cientistas registraram, pela primeira vez, uma placa tectônica se rompendo ativamente — um processo que marca o início do fim de uma zona de subducção, região onde uma placa mergulha sob a outra, gerando vulcões e terremotos. A descoberta, publicada na revista Science Advances (31/10), foi feita por pesquisadores da Universidade Estadual da Louisiana (EUA).
Placas em crise: o planeta está “redecorando” o fundo do mar
Usando o navio Marcus G. Langseth, os cientistas dispararam ondas sonoras em direção ao fundo do mar e mapearam as fendas sob a região de Cascadia. O resultado? Imagens sísmicas inéditas mostram que as placas Juan de Fuca e Explorer estão se quebrando sob a placa norte-americana, em um fenômeno comparado a um “ultrassom” do planeta.
A análise revelou falhas com dezenas de quilômetros de extensão e um movimento de ruptura que vem acontecendo há cerca de 4 milhões de anos. Ou seja: o que parece um instante geológico é, na verdade, um longo e lento “desmoronamento tectônico”.
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Uma fratura viva no planeta
Segundo o geólogo Brandon Shuck, líder do estudo, o rompimento acontece exatamente no ponto em que três placas se encontram — uma “junção tripla” famosa por sua instabilidade. A microplaca Explorer, um pedaço remanescente da antiga placa de Farallon, está se desprendendo, o que indica que a subducção em Cascadia pode estar chegando ao fim.
E quando isso termina, o que vem depois? Os cientistas acreditam que a região pode se transformar em uma falha transformante, onde as placas deslizam lado a lado — o mesmo tipo de falha que causa tremores frequentes na Califórnia.
Magma subindo, vulcões nascendo
Conforme as placas se afastam, o espaço aberto permite a subida do magma do manto terrestre. Isso explicaria o surgimento de novos vulcões no oeste do Canadá e mudanças no equilíbrio interno da Terra — algo que pode alterar tanto a intensidade de terremotos quanto o formato do relevo ao longo de milhões de anos.
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O futuro (sísmico) chegou
Os pesquisadores estudam agora como essas fraturas podem afetar o risco de terremotos e tsunamis na região, uma das mais monitoradas do planeta. A descoberta também ajuda a entender como antigas microplacas fósseis — como as da Baixa Califórnia — se formaram.
“Estamos vendo o planeta se reorganizar em tempo real”, resume Shuck. E sim: a Terra segue viva, pulsante e em constante reforma — uma verdadeira obra interminável de engenharia natural.

Ilustração de uma zona de subducção se fragmentando sob o noroeste do Pacífico. (Foto: Sustainaility Times)

