Pesquisas publicadas em 2025 na revista Nature Geoscience revelam que fluxos rítmicos de rocha derretida estão subindo do interior da Terra sob a região de Afar, na Etiópia.
De acordo com os cientistas, os movimentos subterrâneos estão abrindo uma imensa fenda aos poucos. Isso, enfim, vem dividindo o continente africano ao meio.
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Pesquisa sobre “novo oceano” na África
O estudo, conduzido por pesquisadores das universidades de Southampton e Swansea, no Reino Unido, aponta que o fenômeno é constante e atinge profundidades impressionantes.
As conclusões sugerem que esses pulsos do manto terrestre estão remodelando a crosta e, com o tempo, poderão criar um novo oceano. A pesquisa é, de longe, um marco na história geológica do planeta.
De acordo com a principal autora, Emma Watts, da Universidade de Swansea, o manto sob Afar é um sistema dinâmico, que age como um “coração geológico pulsante”. Ele envia ondas de calor e material fundido em certos intervalos, deixando a crosta mais fraca e acelerando a separação das placas tectônicas segundo o portal Click, Petróleo e Gás.
Para te surpreender ainda mais, essas pulsações também apresentam composições químicas distintas, o que revela uma troca entre o interior da Terra e sua superfície.

Região em transformação?
A região de Afar é considerada uma das mais instáveis do mundo, localizada no ponto de encontro de três grandes falhas: o rifte do Mar Vermelho, o rifte do Golfo de Áden e o Grande Rifte Etíope.
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Esse “ponto triplo” é o lugar ideal para o “rompimento” do continente. Assim que as placas se afastam, a crosta se estica e afina, abrindo espaço para a formação de uma nova bacia oceânica. Tal processo deve levar milhões de anos para ser concluído.
Entre 2022 e 2024, os pesquisadores coletaram mais de 130 amostras de rochas vulcânicas da região. A análise revelou padrões químicos que se repetem como “códigos de barras geológicos”, indicando que o manto pulsa de um jeito “contínuo e organizado”, parecido com um batimento cardíaco.
Futuro oceano em formação
O pesquisador Derek Keir, também da Universidade de Southampton, afirma que esse movimento constante do manto aquece e desgasta a crosta, o que favorece o surgimento de vulcões e terremotos. Para os cientistas, é mais uma das provas de que a África está, de fato, se fragmentando.
Por mais que o processo seja extremamente lento, os especialistas afirmam que o resultado é inevitável. O Chifre da África deve se separar do restante do continente e a fenda aberta será preenchida por água do mar aos poucos, formando um novo oceano.
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Para criar uma noção do tamanho da descoberta, o fenômeno é semelhante ao que originou o Oceano Atlântico há milhões de anos.
Origens do fenômeno africano
O estudo também afirma que o rifte africano começou a se abrir há cerca de 31 milhões de anos, no período Oligoceno. As principais fases de expansão ocorreram entre 35 e 11 milhões de anos atrás. As amostras mais recentes, com menos de 2,5 milhões de anos, comprovam que o processo continua ativo.
Para Emma Watts, essa é apenas a primeira etapa do entendimento sobre a super intensa e misteriosa dinâmica interna da Terra.