A obesidade é uma das doenças que mais cresce no Brasil, e já impacta 9 milhões de brasileiros, segundo dados do sistema de vigilância alimentar nutricional, do ministério da saúde
E, para além da balança, há uma complicação grave e silenciosa que avança junto com a condição: a gordura no fígado.
A boa notícia é que a ciência caminha em grande velocidade.
É o que mostra o estudo publicado pela revista científica Nature Medicine ao revelar que a molécula semaglutida, presente em remédios como Wegovy e Ozempic, tem o potencial de “regenerar” a biologia do fígado, revertendo o padrão de proteínas que caracteriza a doença.
Marília Fonseca, diretora médica do Novo Nordisk fala sobre os resultados do estudo clínico randomizado da Essence, que avaliou 1.197 pacientes em 37 países. Metade dos pacientes recebeu a medicação e a outra metade um placebo.
“Mostrando então dados bastante importantes com resolução da inflamação do fígado em 63% dos pacientes e melhora da fibrose em 37% dos pacientes. Então é a primeira vez que nós temos um estudo de fase 3 mostrando benefício de um análogo de GLP-1, a semaglutida, para tratamento de pacientes com gordura no fígado, com inflamação e um estágio aí de fibrose”.
A endocrinologista Helena Nicolielo explica como a molécula atua diretamente no fígado e pode ajudar na remissão da condição.
“Ele atua principalmente diminuindo a resistência à insulina, diminuindo o acúmulo hepático de gordura nas células nos hepatócitos e diminui a inflamação. Então, diminui a inflamação, diminui o estresse oxidativo e o fígado consegue se regenerar e otimizar esse excesso de suprimento”.
O medicamento, já comercializado no Brasil, apresentou boas respostas nos testes e foi liberado com urgência pela FDA, a Anvisa americana. A previsão é a de que a parte 2 do ensaio só chegue no brasil em 2029.
Por Laura Vick

