O apoio do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao uso da leucovorina, um medicamento indicado originalmente para reduzir efeitos da quimioterapia, provocou uma corrida entre pais de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
O remédio foi citado por Trump e pelo comissário da FDA, Marty Makary, como uma possível opção para tratar sintomas semelhantes ao autismo, embora não haja evidências científicas sólidas que sustentem essa indicação.
Desde o anúncio feito na Casa Branca, grupos em redes sociais dedicados ao tema — como o Leucovorin for Autism — saltaram de 5 mil para mais de 84 mil membros, reunindo pais que afirmam ter observado melhorias na fala e interação social dos filhos.
Médicos e especialistas, no entanto, alertam que a leucovorina não é aprovada para uso em casos de autismo e que sua prescrição para esse fim é considerada off-label (fora da indicação oficial).
“Os profissionais estão sendo pressionados a prescrever algo sem base científica”, afirmou a Dra. Shafali Jeste, chefe de pediatria da Universidade da Califórnia (UCLA)
A FDA avalia uma ampliação restrita do uso do medicamento apenas para casos de deficiência de folato cerebral (CFD), condição genética rara que pode causar sintomas parecidos com o autismo. Segundo o Departamento de Saúde dos EUA, uma revisão de 40 estudos apontou melhora em 85% dos pacientes com CFD, mas o órgão reconhece que “os dados são limitados e precisam ser replicados”.
A Academia Americana de Pediatria divulgou nesta sexta-feira (31/10) que não recomenda o uso rotineiro da leucovorina para autismo. Ainda assim, o debate sobre o tema segue em alta, impulsionado pelo aumento de diagnósticos — que hoje afetam uma em cada 31 crianças nos EUA, segundo o CDC.
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